quarta-feira, 12 de maio de 2010

A virtude maquiavélica para se manter no governo

Maquiavel, fundador da ciência política moderna, a partir de estudos baseados nos sucessos e fracassos de governos anteriores e contemporâneos a ele, escreveu sobre como realmente os Estados e os governos são, e não como eles deveriam ser. Em sua obra não se pode constatar modelos políticos ideais com o intuito de moldar o Estado a fim de haver maior igualdade de direitos entre as diferentes classes ou camadas sociais. Ao contrário, em sua obra, Maquiavel, apesar de ser republicano, fornece subsídios para o “Príncipe” manter seu poder, independentemente do modelo político seguido (Monárquico, Absolutista, Republicano e etc.). Ou seja, a manutenção do Estado é o ponto crítico de sua teoria – os governantes devem ser virtuosos o suficiente para manter o Estado fortalecido, e quaisquer de suas ações são válidas desde que tenham esse escopo.

Hoje, se analisadas as notícias relativas à construção da Usina Hidrelétrica de Belo Monte, é possível verificar um exemplo “maquiavélico” de uma ação promovida pelo Estado a fim de se manter fortalecido, visto que se trata da venda da imagem de um governo que cumpre com seus objetivos, nesse caso a consolidação do desenvolvimento do PAC (Plano de Aceleração do Crescimento), que é um dos pontos, apesar de tudo, mais elogiados do atual governo. E por se tratar de um ano de eleições torna-se mais uma arma a ser utilizada pelo partido da situação a fim de promover sua reeleição para que possam cumprir com as metas estabelecidas de crescimento acima dos 5% ao ano em 2011.

Sendo assim, apesar de ter ocorrido mobilizações de algumas comunidades indígenas, que serão desapropriadas com a construção da Hidrelétrica e de ONGs, que se preocupam com o bem-estar do ecossistema local. O governo justifica a necessidade de promover essa ação apoiando-se em um dos pilares da política e da economia atual, que se baseia em altos índices de crescimento ao ano. E, a partir de estatísticas fornecidas, transmite uma imagem de transparência e de que é necessário tomar atitudes como essas para que o Estado brasileiro se consolide no cenário mundial como uma economia forte, ganhando respaldo e maior influência nas questões políticas.

Aí se dá o paralelo com a teoria desenvolvida por Maquiavel. O governo, que tem como finalidade sua estabilização no poder (reeleição), toma de uma atitude que pode vir a prejudicar alguns componentes da sociedade, porém justifica-se que é necessário para que as metas de crescimento sejam alcançadas. Então, por se tratar de algo que atrai os holofotes políticos, as questões sociais e ambientais defendidas pelos indígenas e pelas ONGs acabam perdendo força e ficando na penumbra.

7 comentários:

  1. Carlos Eduardo de Castro Junior


    Bastante interessante o texto por vocês aqui publicados. Foram um dos poucos que não citaram Virtu e Fortuna.
    Deram um exemplo, no me ponto de vista, que se encaixa na filosofia "maquiavélica". Afinal a medida adotada pelo governo, funcionou exatamente para o governo se estabilizar no poder e alcançar a reeleição. Como diria Maquiavel " Os fins, justificam os meios". O governo, no exemplo citado e fundamentado de vocês, fez algo bem próximo dessa frase. Uma vez que prejudicou alguns componentes da sociedade para garantir a permanência e a manutenção do Estado. Dando continuação a um regime cíclico, que é necessário, segundo Maquiavel.

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  2. comentário de:http://pontoemquestaopucsp.wordpress.com/

    Com certeza a construção da usina de Belo Monte é um dos muitos exemplos do atual governo para se manter no poder. Desde os primeiros apagões no governo FHC, tem se criticado muito a falta de investimento no setor energético.
    No entanto, não vejo relação direta entre a construção da usina hidrelétrica com a taxa de crescimento econômica nacional, que está baseada mais no tipo de atitude tomada pelo banco central, como elevação da taxa selic, do que com construções de infraestrutura.
    É claro que o país precisa de energia para que se mantenha um crescimento a longo prazo, resta saber se Belo Monte é um mal necessário ou dispensável.

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  3. do blog http://conceitopolitico.blogspot.com/ disse..

    Gostei bastante do texto e da análise feita por vocês, como também a comparação com um tema atual, mostrando como a obra e as ideias de Maquiavél podem refletir ações de governos e governantes da atualidade. Mesmo com o passar de séculos as idéias de Maquiavél ainda podem ser aplicadas em assuntos contemporâneos.
    Faço apenas uma ressalva, já que vocês citaram virtú deveriam fazer apenas uma citação em relação à fortuna, já que é uma idéia extremamente ligada a primeira.

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  4. Excelente comentário!

    Concordo com vocês, a manutenção do estado nesse caso se dá não só pela geração de energía, que será oferecida à sociedade, gerando votos; mas também pelas relações internacionais, já que o investimento em energía "limpa" têm sido a grande propaganda de governo nos ultimos anos, pois o Brasil é um dos paises que mais produzem biomassa no mundo e é considerado um dos mais autosuficientes em energía.

    Vivian Ito
    http://olharsobreapolitica.blogspot.com/

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  5. O problema é que as ideis propostas por Maquiavel datam do século XV e o nosso governo ainda faz proveito delas. Digo, a República Federativa do Brasil, como o próprio nome diz, não pode exercer essa falta de ética com seus cidadãos.

    Do blog http://olhospromundo2010.wordpress.com

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  6. O problema é que as ideis propostas por Maquiavel datam do século XV e o nosso governo ainda faz proveito delas. Digo, a República Federativa do Brasil, como o próprio nome diz, não pode exercer essa falta de ética com seus cidadãos.

    Do blog http://ensaiosobreapolitica.wordpress.com

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  7. Ei pessoal do blog, eu foz um comentário e no final assinei com o blog...aí eu vi q era o blog errado e depois fiz o mesmo comentário com o blog certo...por favor, aceitem apenas o comentário q no final o blog é o ensaio sobre a política!
    brigadão e desculpa ae!
    Falha no engano do Falha

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