terça-feira, 8 de junho de 2010

Alguns pontos sobre o capitalismo contemporâneo

Não é à toa que ainda haja sindicatos trabalhistas que briguem pelos direitos dos trabalhadores, como ,por exemplo, a redução da jornada de trabalho. Caso não existissem, aquilo que permeia as relações de trabalho estaria com um grau de exploração ainda maior. Enquanto respostas do sistema de capital em torno da realização de seu constante desejo de obtenção de lucro, a reestruturação produtiva e o neoliberalismo produziram resultados: o desemprego estrutural, precarização e desregulamentação do trabalho, que revelam um fortalecimento da exploração da força de trabalho. Elevadas taxas de desemprego e subemprego convivem com o avanço da informalidade e da precarização. Deste modo podemos ver que a partir das mudanças de algumas das transformações do trabalho, como aquele que é informal, ocasionaram um acento na própria lógica de exploração, uma vez que a ausência de políticas públicas que legitimem os direitos desses trabalhadores contribui para que estes fiquem independentes de qualquer ajuda: ora os trabalhadores informais produzem, ora não terão como viver. Outro exemplo disso são as empregadas domésticas que, cada vez mais, aparecem no cenário da exploração. Muitas, também como trabalhadoras informais, fazem uma jornada de trabalho abusiva sem que haja qualquer lei ou intermediação pública para garantir-lhes os direitos. Sem a opção de outro emprego, colada à necessidade de ganhar dinheiro, elas se submetem a um trabalho que, em outros tempos, era considerado escravo.
Grudada direta ou indiretamente à exploração do trabalho, temos a reificação da mão de obra, que nada mais é que a coisificação dos trabalhadores. Como exemplo, podemos apontar, ainda no trabalho informal, o grande número de garotas de programa menores de idade em algumas capitais brasileiras. Essas meninas são consideradas como objetos; elas não têm qualquer tipo de assistência que garantam o seu bem estar, nem estruturas familiares, educacionais e financeiras que lhes garantam boas condições de vida. Assim, caem em um território onde seus corpos são seus meios de sobrevivência – uma vez que têm “clientes” interessados.
Atualmente, nos vemos imersos em uma espécie de normalidade no cumprimento de normas. Regras que são feitas para que não nos rebelemos e que contribuem diretamente para a nossa própria alienação. Cada vez mais, segundo o filósofo Gilles Deleuze, saímos da sociedade disciplinar e entramos na de controle. Inúmeras formas são elaboradas para que sejamos monitorados; muitas vezes, no sentido mais literal possível. Não é à toa que milhares de câmeras de segurança estão, cada vez mais, presentes no cotidiano – e, cada vez mais, isso deixa de ser estranho.
Uma maneira bastante evidente de constatar a alienação que nos é incitada atualmente é através das mídias de massa. Tv, rádio, internet são meios por onde a informação deixa de ser algo que “contribui” para o posicionamento crítico das pessoas; pelo contrário, programas, músicas ou sites são formulados de um modo que, no momento da “distração”, caíamos em uma acentuação da própria alienação. Ou seja, no momento em que se poderia escapar das ondas sufocantes e homogeinizadoras que vivemos na rotina capitalista, acabamos por ressaltar a ignorância e a inação que este sistema deseja que tenhamos.
Talvez seja os fetiches de mercadorias que sustentem tanto não apenas a indústria capitalista, como também as relações humanas na contemporaneidade. O capitalismo, querendo ou não, não está presente apenas na economia das trocas de mercadorias; infelizmente, ele está, também, no interstício das relações. Humanos são, cada vez mais, tratados como mercadorias. Nesse contexto, o sociólogo Zigmunt Bauman é um dos que estuda os desdobramentos do capitalismo hoje. Um dos termos por ele utilizados é de que as relações, atualmente, encontram-se em um estado líquido. Ou seja, a fluidez é tão forte que as relações não duram: tudo é tratado como mercadoria, se algo não dá certo, simples, troca-se o “produto”.
A indústria cultural, com isso, na qual se baseiam as trocas simbólicas (como estuda outro sociólogo, Pierre Bourdieu), tem um papel bastante significativo quando o assunto diz respeito à alienação. A era da sociedade do espetáculo (aquilo que o situacionista Guy Debord já premeditara na segunda metade do século passado), está, gradualmente, tomando presença na produção cultural, e conseqüentemente na subjetividade das pessoas. Isso, deste modo, alimenta um circulo vicioso, em que instiga-se, cada vez mais, a produção de bens simbólicos que, ao invés de mostrarem uma outra possibilidade da realidade, acaba por fortalecer os limites espinhosos, mas confortáveis, da alienação aclamada pela lógica capitalista.

domingo, 6 de junho de 2010

O conceito de liberdade de John Locke, Rousseau e Stuart Mill

Segundo a concepção individualista do filósofo John Locke, a existência do individuo é anterior a da sociedade e do estado, os homens viviam em um estágio pré-social e pré-político caracterizado pela liberdade e igualdade, o estado de natureza, onde a liberdade, a vida e a propriedade são direitos naturais do homem. No estado de natureza não havia leis que protegessem a propriedade, o que acabava deixando os indivíduos em estado de guerra uns contra os outros, com isso os homens criam um contrato social que realiza a passagem da natureza para o estado civil, criando assim leis de proteção à liberdade.
De acordo com o filósofo Rousseau, no estado de natureza todos os homens nascem livres e iguais, porém a propriedade privada, da origem ao estado de sociedade, criando assim desigualdade entre os homens, ao contrário de Locke, acredita que o estado de natureza não deveria ser mudado e que a propriedade não deveria ser incluída como um dos direitos naturais. Segundo Rousseau o homem nasce bom (bom selvagem), a sociedade o corrompe.
Ao contrario de Locke e Rousseau, o filósofo Stuart Mill não considera a liberdade um direito natural do homem, não faz parte do estado de natureza. Um bom governo propicia o desenvolvimento das boas qualidades dos governados e a liberdade, que é necessária para o desenvolvimento e promotora da diversidade. Com a liberdade o indivíduo age em direção aos seus interesses, desde que não atrapalhe o interesse dos outros. Se o comportamento de um indivíduo atrapalhar o de outro, irá arcar com as conseqüências estabelecidas pela sociedade.
John Locke e Rousseau vêem a liberdade como direito natural do homem, porém Locke via uma necessidade de leis que protegessem a liberdade, a vida e a propriedade, que era excluída e culpada do fim do estado de natureza para Rousseau, criando assim uma sociedade civil, que para Rousseau gerava a desigualdade entre os homens. Stuart Mill não vê a liberdade como um direito natural do homem, acredita que essa ajuda no desenvolvimento da sociedade e deve ser proporcionada por um bom governo.